Em Portugal, nos anos 30, uma mulher foi queimada viva por bruxaria. O maior dramaturgo português do século XX criou a partir do episódio uma peça de choque que é um marco incontornável da nossa literatura.
Na aldeia e redondezas, Joana é de longe a mais bela das raparigas por casar. Cobiçada pelos rapazes, que competem pela sua atenção, e invejada pelas outras mulheres, filha de alguém que fora tida por bruxa, o seu feito instável dá origem a uma rixa à navalhada entre dois pretendentes, com desfecho mortal para ambos. A partir daqui, um grupo de beatas fanatizadas começa a aventar uma explicação: tal como a mãe, a rapariga teria o demo no corpo. Perante a impotência do novo pároco da aldeia, as beatas da aldeia tentam tirar-lhe Satanás do corpo: e Joana é queimada viva.
A história seria infelizmente vulgar se se tivesse passado há alguns séculos, mas aconteceu em Portugal, nos anos 30 do século XX, perto de Marco de Canavezes.
Bernardo Santareno inspirou-se na história verídica e criou uma das obras-primas da literatura portuguesa moderna. Mais tarde, o seu texto esteve na base do filme homónimo.