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Titulo O Mocho Cego
Autores Sadeq Hedayat, Carimo Mohomed (Tradutor)
Género
Novela
Proposto por
Carimo Mohomed
Editor
Hugo Xavier
Formato
13x20cm
N.º Páginas
140
Data
Fevereiro de 2020
ISBN
978-989-8872-49-4
Notas
Um dos grandes autores de culto do século XX, comparado a Kafka ou a Sartre.
O Mocho Cego é um texto incategorizável. Uma novela poderosa que acompanha a imersão de um ser humano na loucura. Predominantemente trata-se de uma história de amor que envolve um trio: um rapaz, um homem mais velho e uma bela jovem. Esta história de amor desenrola-se através de visões e pesadelos que se impõem aos olhos do narrador e do leitor. Das profundezas do subconsciente vai-se construindo um ritual de destruição, à medida que se tece um sentido para as imagens e o leitor e o narrador fecham um puzzle de congruência.

Entre o existencialismo e um surrealismo de clara influência psicológica, esta história está imbuída de um agudo e claustrofóbico sentido de pânico e alucinação infinitamente contemporâneos.

No moderno Irão e no mundo islâmico, este pequeno romance encabeça várias listas de obras proibidas. Os discursos oficiais de reprovação atribuíram-lhe uma «maldição»: quem ler este livro suicida-se.

«Mas os seus cativantes retratos da alienação transcendem a especificidade do contexto sociocultural: fazem-no de forma universal como os escritos de Hamsun ou de Kafka quando retratam a fragilidade da psique humana.»
Houman Barekat, in Asynptote Journal

«"O Mocho Cego" é um sonho de morte. Um livro violento de um erotismo selvagem no qual o tempo é um abismo cujo conteúdo é regorjitado num vómito mortífero. Um livro feito de ópio.» Mathias Énard, in Compass

«"O Mocho Cego" oferece tudo menos respostas claras ao leitor e ao seu narrador; com efeito, é um daqueles raros livros que, relido, parece sempre imbuído de sentidos diversos dos da leitura anterior.»
M.A.Orthofer, inThe complete Review

«Dada a inutilidade da estratégia, repasso ao leitor a mensagem que me trouxe às páginas deste livro: abstenha-se, leitor, de ler este livro, de que forma for, abstenha-se. Considere-se avisado.»
Porochista Khakpour, in The Rumpus

«Como homem que nasceu numa vasta família distinta social e intelectualmente, tão moderno quanto modernista, um escritor dotado de um imenso domínio da língua e da cultura mais avançadas quer na Pérsia quer na Europa, senhor de uma psique que exigia os mais altos padrões de excelência moral e intelectual, Hedayat estava condenado a carregar − como o fez − uma tremenda cruz que poucos indivíduos suportariam com equanimidade, especialmente enquanto sofria os efeitos do choque entre o velho e o novo, do persa e do europeu, como experimentaram poucos iranianos. Viveu de forma infeliz e de forma infeliz morreu. Muito provavelmente foi esse o preço da literatura que legou à humanidade.»
Homa Katouzian (University of Oxford), in Culture Trip

«Compêndio dos devaneios febris, estranhos, surreais, obsessivos, introspectivos e compulsivos de um homem que se afunda na demência, uma obra-prima do escritor iraniano que era discípulo de Sartre e que integra a lista de Escritores Representativos da Humanidade da UNESCO.»
Kirkus Reviews


«A tensão entre a realidade e a ficção é parte integrante do enredo. O conflito entre o que existe e o que se imagina existir enforma os personagens e as suas relações. O desfecho tragicómico do enredo depende da forma como esta tensão é resolvida. Mas o absurdo que nos faz rir das ânsias aparentemente fúteis de um personagem podem tornar-se fonte de grande sofrimento quando praticadas na vida real.»
Azar Nafisi, in The Guardian

«Unanimemente reconhecida como a obra-prima de Hedayat, O Mocho Cego é a obra literária mais importante nascida no Irão no século XX. À superfície aparenta ser a história de um amor condenado, mas com o virar de cada página os factos vão-se obscurecendo e o leitor rapidamente se apercebe de que este livro é muito, muito mais do que isso. Apesar de ter sido comparado a obras de Kafka, Rilke ou Poe, esta obra desafia a categorização e constitui-se como um objecto literário verdadeiramente original.» Fundação Sadeq Hedayat

«Este é um livro que mata pessoas. Pode pensar que estou a brincar, não estou. Nos tempos modernos este livro é o mais aproximado que se esteve da criação de "O anel" na vida real. Hedayat suicidou-se e o livro foi acusado de ser a causa de uma miríade de suicídios de pessoas que o leram. Verdade seja dita que essas pessoas viviam no Irão sob um regime extremista e ditatorial e que a obra era proibida. Mas a verdade é que este é um livro perigoso e merecedor de algo mais para além do respeito do leitor.»
Henry Dykstal, in The Lawrentian







 
Sadeq Hedayat (1903-1951) é o pai da moderna literatura persa, cujas obras tiveram impacto a nível mundial.
Sadeq Hedayat nasceu em Teerão a 17 de Fevereiro de 1903, numa família aristocrática de renome. É considerado o escritor iraniano mais importante do século xx e o introdutor do modernismo na língua e na literatura do seu país.

Revelando desde muito novo um carácter introvertido e solitário, estudou em Teerão, em França e na Bélgica, cultivando o interesse pelas obras de Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant, Anton Chekov, Fyodor Dostoiévski, Rainer Maria Rilke e Franz Kafka.

Traduziu várias obras de autores europeus, sendo de destacar A Metamorfose, de Kafka, tendo também escrito uma introdução intitulada Payam-e Kafka (A Mensagem de Kafka) para uma tradução persa de Na Colónia Penal.

Quando regressou ao Irão, em 1930, após quatro anos de ausência, publicou o seu primeiro livro de contos breves, Zendeh be gur (Enterrado Vivo), ao mesmo tempo que surgia a sua primeira peça de teatro, Parvin dokhtar-e Sasan (Parvin, filha de Sasan). Em 1932, aparecia Se qatreh-khun (Três Gotas de Sangue), seguido de Sayeh Rowshan (Claro-escuro, 1933) e um pequeno romance chamado Alaviyeh Khanum (Dona Alaviyeh, 1934).

Interessou-se igualmente pelo folclore iraniano, tendo publicado Osaneh (1931), uma compilação de canções populares, e Neyrangestan (1932), e pela história da Antiga Pérsia, começando com o período Sassânida (224-651) e a língua pahlavi (ou persa médio), ou seja, a Pérsia imediatamente anterior à conquista árabe e à respectiva islamização posterior.

Foi a figura central nos círculos intelectuais progressistas de Teerão, conotados com sentimentos antimonárquicos e contra o novo governo do Xá Reza Palehvi, a partir dos quais alguns viriam a criar o Partido Tudeh (Comunista).

Hedayat vivia em constante conflito entre a ansiedade que o impelia para uma modernidade europeia e as raízes tradicionalistas da sua família e do seu país.

De modo a escapar às atenções do regime e a aprofundar o seu conhecimento da antiga religião iraniana, entre 1936 e 1939 Hedayat viveu na comunidade pársi zoroastriana de Bombaim e foi na Índia que publicou a sua obra mais importante, Buf-a Kur (O Mocho Cego, 1937), com indicações expressas para que não fosse vendida no Irão (apenas foi publicado após a queda do regime político opressor para, anos mais tarde, voltar a ser proibido), para onde regressou, passando depois a maior parte do resto da sua vida em Teerão, decaindo física e mentalmente e viciando-se nas drogas e no álcool.

Em finais de 1950, esmagado pelo desespero, partiu para Paris e a 4 de Abril de 1951 deixou o gás aberto, suicidando-se.
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