Sadeq Hedayat (1903-1951) é o pai da moderna literatura persa, cujas obras tiveram impacto a nível mundial.
Sadeq Hedayat nasceu em Teerão a 17 de Fevereiro de 1903, numa família aristocrática de renome. É considerado o escritor iraniano mais importante do século xx e o introdutor do modernismo na língua e na literatura do seu país.
Revelando desde muito novo um carácter introvertido e solitário, estudou em Teerão, em França e na Bélgica, cultivando o interesse pelas obras de Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant, Anton Chekov, Fyodor Dostoiévski, Rainer Maria Rilke e Franz Kafka.
Traduziu várias obras de autores europeus, sendo de destacar A Metamorfose, de Kafka, tendo também escrito uma introdução intitulada Payam-e Kafka (A Mensagem de Kafka) para uma tradução persa de Na Colónia Penal.
Quando regressou ao Irão, em 1930, após quatro anos de ausência, publicou o seu primeiro livro de contos breves, Zendeh be gur (Enterrado Vivo), ao mesmo tempo que surgia a sua primeira peça de teatro, Parvin dokhtar-e Sasan (Parvin, filha de Sasan). Em 1932, aparecia Se qatreh-khun (Três Gotas de Sangue), seguido de Sayeh Rowshan (Claro-escuro, 1933) e um pequeno romance chamado Alaviyeh Khanum (Dona Alaviyeh, 1934).
Interessou-se igualmente pelo folclore iraniano, tendo publicado Osaneh (1931), uma compilação de canções populares, e Neyrangestan (1932), e pela história da Antiga Pérsia, começando com o período Sassânida (224-651) e a língua pahlavi (ou persa médio), ou seja, a Pérsia imediatamente anterior à conquista árabe e à respectiva islamização posterior.
Foi a figura central nos círculos intelectuais progressistas de Teerão, conotados com sentimentos antimonárquicos e contra o novo governo do Xá Reza Palehvi, a partir dos quais alguns viriam a criar o Partido Tudeh (Comunista).
Hedayat vivia em constante conflito entre a ansiedade que o impelia para uma modernidade europeia e as raízes tradicionalistas da sua família e do seu país.
De modo a escapar às atenções do regime e a aprofundar o seu conhecimento da antiga religião iraniana, entre 1936 e 1939 Hedayat viveu na comunidade pársi zoroastriana de Bombaim e foi na Índia que publicou a sua obra mais importante, Buf-a Kur (O Mocho Cego, 1937), com indicações expressas para que não fosse vendida no Irão (apenas foi publicado após a queda do regime político opressor para, anos mais tarde, voltar a ser proibido), para onde regressou, passando depois a maior parte do resto da sua vida em Teerão, decaindo física e mentalmente e viciando-se nas drogas e no álcool.
Em finais de 1950, esmagado pelo desespero, partiu para Paris e a 4 de Abril de 1951 deixou o gás aberto, suicidando-se.