A nossa chancela "irmã", a BookBuilders vai lançar durante o mês de Novembro a sua nova série de literatura dedicada a obras contemporâneas.

Estou particularmente orgulhoso de informar que vamos publicar dois livros diferentes mas igualmente brilhantes e premiados.

Por um lado volto a publicar um autor que já tinha publicado na Ulisseia, o Fernando Esteves Pinto, que recebeu há perto de um mês o Prémio Literário Cidade de Almada 2016 pelo seu romance «A Caverna de Deus».



Trata-se, como acontece com a maior parte da produção literária romanesca do autor, de uma obra que navega as águas profundas e escuras da alma humana mergulhando sempre pelo lado da psicologia nos traumas que nos definem e definem igualmente as "manias" (uso o termo numa acepção técnica da psicologia e sem qualquer carga negativa - como o autor) que nos fazem diferentes uns dos outros.

Neste romance em particular, FEP mergulha no mundo da criação artística. O Pintor enquanto Criador-Deus e a capacidade que a arte tem de nos obrigar a desnudar a alma quando dela somos objecto são os temas principais.

Os romances de FEP não deixam os leitores indiferentes e, muitas vezes, incomodam porque não têm peias em falar daquilo que não gostamos de reconhecer em nós mesmos mas essa é uma das funções mais importantes da literatura e da arte e é também por isso que não conseguimos fugir delas: a nossa atracção pelo abismo.

Numa obra totalmente diferente, Dejan Tiago-Stanković, tradutor literário com quem trabalhei noutros tempos em autores como o prémio Nobel Ivo Andrić ou Dragoslav Mihailović que é igualmente tradutor para servo-croata de Saramago ou Cardoso Pires (entre outros) publicou em 2015 na Sérvia «Estoril - Um Romance de Guerra». Obra que foi finalista de vários prémios literários e que, em 2016, recebeu o Prémio Branko Ćopić da Academia Sérvia das Artes e Ciências, o mais importante prémio de romance no país e que premeia o melhor romance publicado durante o ano anterior.



Umna obra que retrata o mundo dos exilados da segunda guerra mundial na sua passagem (e por vezes longa estada) em Portugal. Entre uma Lisboa que filtra e controla um mundo obscuro de espionagem e contra-informação por onde se movem personagens incomums como Dusko Popov, o homem que inspirou Ian Fleming (que também é personagem do romance) para o seu James Bond, e o Estoril, Riviera possível numa Europa em convulsões constantes, onde se instalam os muito ricos, imensamente influentes ou incrivelmente afortunados.

O romance resulta de mais de um ano de investigação em documentos (muitos dos quais reproduzidos no livro) e arquivos. Alguns desses documentos, devido à língua em que tinham sido escritos nunca antes tinham sido interpretados. A trama da obra é, portanto, semi-ficcional: personagens fictícias cruzam-se com a crème de la crème europeia, com Dusko Popov e outros espiões, com loucos como Ian Fleming ou sonhadores como Saint-Exupéy.

As questões que o livro levanta são muitas. Fala-nos de exílios numa época em que a questão é extremamente pertinente, fala-nos de como é possível "criar" numa época de destruição e sempre de como é possível sonhar. fala-nos também de Portugal nos anos 40.