A Cacatua Verde é, aparentemente, uma peça histórica: a acção desenrola-se na noite de 13 para 14 de Julho de 1789, numa cave dos arredores de Paris.
Prospère, um antigo director de teatro, abriu uma taberna – a Cacatua Verde –, onde a sua companhia finge que não faz teatro e cria a ilusão de uma verdadeira taberna de marginais, possibilitando aos nobres que a visitam a sensação de um contacto, sem perigo, com o povo e com os excitantes episódios das suas vidas violentas. A profunda ironia, própria de toda a obra de Schnitzler, torna a peça quase numa comédia em que o próprio teatro entra em jogo, antecipando os temas caros a Pirandello. Com leveza e elegância, e num único acto de uma economia exemplar, Schnitzler desenha um teatro de sombras da própria Revolução que é um prodígio de ironia na revelação da profunda complexidade do real.