Thea von Harbou (1888-1954) foi uma escritora, argumentista, actriz e realizadora alemã.
Criança prodígio, criada no seio de uma família aristocrática e de funcionários públicos, estudou com tutores privados. Aos 13 anos, lia em diversas línguas e já tinha publicado histórias e um livro de poemas.
Mas Thea era uma rapariga moderna e queria ganhar a vida. Contra a vontade do pai começou a trabalhar como actriz sem nunca deixar de escrever e publicar. Casou-se muito jovem, aos 18 anos, durante a Primeira Guerra Mundial. Autora de dezenas de argumentos de alguns dos filmes mais importantes do expressionismo alemão, colaborou com o seu segundo marido, Fritz Lang, mas também com F. W. Murnau, Carl Dreyer ou E. A. Dupont.
Depois do seu divórcio de Lang, que, entretanto, tinha começado a perseguir jovens actrizes, Thea apaixona-se e casa-se secretamente com um estudante indiano a residir então na Alemanha. O casamento teve de ser secreto porque o partido nazi não permitia a união de uma ariana com um homem de pele mais escura. Nunca deixou a Alemanha mesmo durante o período nazi. Realizou dois filmes, mas não gostou da experiência, preferindo continuar a trabalhar como argumentista das películas de propaganda do regime.
No pós-guerra, foi feita prisioneira. Embora muitos a acusassem de simpatias nazis, Thea afirmou ter continuado a trabalhar para ajudar secretamente imigrantes indianos como o seu marido. Entre 1945 e 1946 trabalhou nas ruas a recolher entulho.
Anos mais tarde foi reabilitada e o cinema alemão prestou-lhe homenagem, mas Harbou estava já muito debilitada e viria a falecer aos 65 anos, tendo escrito até aos últimos momentos de vida, ditando na cama no hospital.