Afonso Lopes Vieira (1878-1946), poeta do Mar e "Trovador de Portugal".
Afonso Lopes Vieira (Leiria, 1878 - Lisboa, 1946) estudou Direito na Universidade de Coimbra (1894-1900) e foi redactor na Câmara dos Deputados (até 1916). Ao longo de mais de meio século, consagrou boa parte do seu tempo a uma vasta obra literária (em prosa e em verso) que compôs e deu a conhecer na imprensa periódica e em dezenas de livros e opúsculos.
Em prosa escreveu o romance Marques (1903) e numerosas conferências e ensaios que reuniu em livros como A Campanha Vicentina (1914), Em Demanda do Graal (1922) e Nova Demanda do Graal (1942). Dedicou especial atenção aos grandes clássicos portugueses, nomeadamente Gil Vicente e Luís de Camões (que editou, em 1928 e 1932, em colaboração com José Maria Rodrigues), Santo António de Lisboa (Jornada do Centenário, 1932), Cristóvão Falcão, Francisco Rodrigues Lobo (que editou em 1940 e 1945), Almeida Garrett e João de Deus (que editou em 1921 e 1930), bem como a grandes mitos como o de Pedro e Inês (A Paixão de Pedro o Cru, 1940) e as Cartas de Soror Mariana (1941).
Recuperou para a Literatura Portuguesa O Romance de Amadis (1922) e a Diana, de Jorge de Montemor (1924). Traduziu as Poesias de Heine (1912) e O Poema do Cid (1927). Para a infância e a juventude, adaptou O Conto do Amadiz de Portugal (1938) e, para teatro de fantoches, o Auto da Barca do Inferno (1913); e publicou em verso Hino a Camões (1911), Animais Nossos Amigos (1911), Canto Infantil (1912) e Bartolomeu Marinheiro (1912).
Poeta, sempre poeta, a obra lírica de Afonso Lopes Vieira encontra-se numa vintena de livros e opúsculos: Para Quê? (1897), Náufrago. Versos Lusitanos (1898), Auto da ‘Sebenta’. Farça em verso em um prólogo e dois quadros (1899), Elegia da Cabra (Maio de 1900), O Meu Adeus (1900), O Poeta Saudade (1901), O Encoberto (1905), Conto do Natal (1905), Ar Livre (1906), O Pão e as Rosas (1908), Monólogo do Vaqueiro (1910), Canções do Vento e do Sol (1911), Rosas Bravas (1911), Sobre as ‘Cenas Infantis’ de Schumann (1915), Ilhas de Bruma (1917), Canções de Saudade e Amor. Lieder (1918), Ao Soldado Desconhecido (1921), Pais Lilás, Desterro Azul (1922), Éclogas de Agora (1935) e Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa (1940). Em 1904 deu à estampa a sua primeira antologia (Poesias Escolhidas. 1898-1902) e em 1927 organizou e fixou a sua selecção em Os Versos de Afonso Lopes Vieira, com poemas de 1898 a 1924.
O propósito da presente edição – Poesia de Afonso Lopes Vieira – é recolher de forma fidedigna e num só volume a Obra Poética fundamental do revolucionário da Tradição que António Sardinha considerou o «preceptor seguro da sensibilidade portuguesa». Compreende as seguintes obras: Os Versos de Afonso Lopes Vieira (1927), Éclogas de Agora (1935) e Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa (1940).
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José Carlos Seabra Pereira
José Carlos Seabra Pereira (Luso, 1949) é licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra (1973) e doutor pelas Universidades de Poitiers e Coimbra, com teses sobre a obra poética de João de Barros (1983) e o Neo-Romantismo na Poesia Portuguesa (2001). Tem investigado e leccionado nas áreas de Teoria Literária, Literatura Portuguesa Moderna, Estudos Camonianos e Estudos Pessoanos. É director nacional da Pastoral da Cultura (desde 2014) e coordenador científico do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (desde 2006). Da sua vastíssima obra publicada destacam-se os volumes sobre o Fim-de-Século, o Simbolismo e o Modernismo na Literatura Portuguesa, e ensaios sobre autores como – além de Luís de Camões e Fernando Pessoa – Gomes Leal, Antero de Quental, Eugénio de Castro, Camilo Pessanha, Raul Brandão, Alberto d’Oliveira, Manuel Laranjeira, Trindade Coelho, Afonso Lopes Vieira, Alberto Osório de Castro, Augusto Casimiro, Américo Durão, Florbela Espanca, Mário Beirão, Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Eugénio de Andrade, António Manuel Couto Viana e José Valle de Figueiredo. É ainda autor de um monumental estudo de conjunto sobre As Literaturas em Língua Portuguesa. Das origens aos nossos dias (Lisboa, 2020).
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José Manuel Quintas
José Manuel Alves Quintas (Lisboa, 1960) é militar, tenente-coronel da Força Aérea Portuguesa. Licenciado em História e Mestre em História do Século XX (Universidade Nova de Lisboa), é autor de Filhos de Ramires. As origens do Integralismo Lusitano (Lisboa, 2004) e colaborador de dicionários de História e outras obras colectivas com estudos sobre temas de História Política e Militar do Século XX. Foi professor na Academia da Força Aérea (1995-2011). Foi editor do espaço na internet ‘Unica Sempre Avis’ (2000-2012) e do blogue ‘Lusitana antiga liberdade’ (2003-2012). É editor de ‘Estudos Portugueses’ (www.estudosportugueses.com), onde divulga documentação sobre figuras como António Sardinha. Conheceu melhor este Autor por intermédio de um integralista da última geração, Mário Saraiva (1910-1998).
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Manuel Vieira da Cruz
Manuel Marques da Cruz Vieira da Cruz (Praia do Ribatejo, 1967) é editor. Iniciou a sua vida profissional na Verbo (1988), dirigiu a Grifo (1994-2010) e coordenou, entre outros, o projecto ‘Agustina Bessa-Luís / Opera Omnia’ (2008-2012). Em 1988, sendo estudante, organizou na Universidade Católica Portuguesa o ciclo de conferências e a exposição que assinalaram o centenário do nascimento de António Sardinha. Conheceu melhor este Autor por intermédio de um integralista da última geração, Henrique Barrilaro Ruas (1921-2003).