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Titulo Poesia
Autores António Sardinha, José Manuel Quintas (org.), Manuel Vieira da Cruz (org.), José Carlos Seabra Pereira (posfácio)
Género
Poesia
Proposto por
Vasco Silva
Editor
Suzana Ramos e Hugo Xavier
Formato
15,5x23,5 cm
N.º Páginas Estimado
820
Data Estimada
Junho de 2024
Padrinhos
Notas
Primeira compilação da singular obra poética de António Sardinha.
«Cedo tocado pelos prenúncios de uma vocação de ‘homem de letras’, António Sardinha viveu os seus anos juvenis, no Alentejo e em Coimbra, como tempo de aferição de desígnios e de recursos pessoais para realizar condignamente tal vocação, acalentada por Eugénio de Castro. Ao adoptar pro tempore o legado do esteticismo decadentista, afinal evitava os pendores então prevalecentes no campo literário português – elementos evolucionistas, valores vitalistas, compromissos emancipalistas, tendências libertárias – por onde até Afonso Lopes Vieira e António Corrêa d’Oliveira se transviavam, antes de na transição para o período da República demo-liberal retomarem a estrada real do Tradicionalismo franciscano e lusíada.
» Nesta opção decisiva os acompanhou António Sardinha, com ambos passando a ombrear entre as referências maiores da corrente lusitanista do Neo-Romantismo. Senhor da diferença específica da sua personalidade literária, Sardinha tempera com o idealismo crítico de Manuel da Silva Gaio a fina sensibilidade artística do trovador Lopes Vieira, ‘preceptor seguro da sensibilidade portuguesa’; e oferece uma alternativa de conotação doutrinada e de castigada expressão formal aos abalos afectivos de difíceis transes existenciais, às efusões rústico-patriarcais e aos aforismáticos lances político-religiosos de Corrêa d’Oliveira. Aliás, o bardo de Chuva da tarde e de Pequena casa lusitana também melhor preservava essa corrente tradicionalista de contaminações pelos sortilégios visionários da imaginação especulativa de Pascoaes e de certo Saudosismo.
» Pelo caminho, a tópica pessimista e o estilo do esteticismo decadentista, que António Sardinha cultivara nas suas primícias dos alvores do século xx, resgatam-se na depurada dicção e na densidade humana da sua maturidade poética. Então, a sua arte lírica culmina em versos soberanos como “ó calada voz do nocturno espanto”, ao passo que outros, maxime na mitografia de Roubo de Europa, dão súmula paradigmática à insígnia apostólica – “ó madre antiga dos destinos novos” – que, por translação, António Sardinha podia atribuir à Igreja católica, à Pátria lusíada e à Monarquia portuguesa.
» Assim, se pela crónica combativa e pelo ensaio militante de revisionismo histórico e de proposta ideológica António Sardinha se afirmou como grande figura de intelectual orgânico, mas de espírito livre e discurso alodial, também pela sua criação poética se impôs como alto nome do cânone neo-romântico.
» Nessa extensa e intensa obra lírica, uma e outra vez os seus versos nos fazem sentir e nos levam a entender a profunda e alta concepção que um dia assumiu: “A Poesia é a libertação da nossa existência subliminar – existência rumorosa e obscura, pela qual nos ligamos à continuidade imortal do ser.”»
-- do Estudo/Posfácio, de José Carlos Seabra Pereira
 
António Sardinha (1887-1925) foi um ensaísta, poeta e intelectual português.
António Sardinha
António Maria de Sousa Sardinha nasceu em Monforte do Alentejo a 9 de Setembro de 1887. Poeta, historiador e político, destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador, tornando-se um verdadeiro condutor da intelectualidade portuguesa do seu tempo. Morreu prematuramente em Elvas, no dia 10 de Janeiro de 1925, aos 37 anos.

A ‘estreia literária’ de António Sardinha deu-se com o ‘entracto dramático’ Serão ducal (1903), a que se seguiram as recolhas de poesia Cálix de amargura (1904) e Túrris ebúrnea (1905). Em 1909, obteve o prémio máximo nos jogos florais luso-espanhóis da Universidade de Salamanca, com ‘Lírica de Outubro’. Além de um número indeterminado de poemas dispersos, a sua obra poética fundamental é constituída por cinco volumes publicados em vida – Tronco reverdecido (1910), A Epopeia da Planície (1915), Quando as nascentes despertam… (1921), Na Corte da Saudade (1922), Chuva da tarde (1923) – e três volumes publicados postumamente – Era uma vez um menino… (1926), Roubo de Europa (1931) e Pequena casa lusitana (1937).

António Sardinha formou-se em Direito, em 1911, na Universidade de Coimbra. Tendo sido, enquanto estudante, um destacado republicano municipalista, após a implantação da República deu-se nele uma profunda desilusão com o novo regime. Convertido ao Catolicismo e à Monarquia, juntou-se a José Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e José Pequito Rebelo para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação de filosofia política a partir da qual foi lançado o movimento político-cultural denominado ‘Integralismo Lusitano’, em defesa de uma “monarquia tradicional, orgânica, antiparlamentar”.

António Sardinha cedo se destacou no seio do grupo integralista pela força do seu verbo. A passagem das Letras à Política consumou-se em 1915, ao pronunciar na Liga Naval de Lisboa uma conferência onde alertava para o perigo de uma absorção espanhola: O Território e a Raça, publicada em 1916. Da sua obra em prosa, destacam-se ainda volumes como Ao princípio era o Verbo (1924), À lareira de Castela (1920), A aliança peninsular (1924), Ao ritmo da ampulheta (1925) e A teoria das Cortes Gerais (1925).

Durante o breve consulado de Sidónio Pais, António Sardinha foi eleito deputado na lista da minoria monárquica. Em 1919, exilou-se em Espanha após a sua participação na fracassada tentativa restauracionista de Monsanto e da ‘Monarquia do Norte’. ​Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director do diário A Monarquia, onde veio a desenvolver um intenso combate em defesa da filosofia e sociologia política tomista e, rejeitando a tese da decadência de Spengler, em defesa do universalismo hispânico como a base da sobrevivência da civilização do Ocidente (tese retomada e desenvolvida nos anos 30 por Ramiro de Maeztu, em Defensa de la Hispanidad). Lançou e dirigiu a 2.ª e a 3.ª séries da ‘revista de cultura nacionalista’ Nação Portuguesa (1922-1925).

Além das obras já referidas, importa mencionar as recolhas de textos em prosa publicadas postumamente: Na feira dos mitos (1926), Durante a fogueira (1927), À sombra dos pórticos (1927), Da hera nas colunas (1929), Purgatório das ideias (1929), De vita et moribus (1931), A prol do comum (1934), Processo dum rei (1937) e Glossário dos tempos (1942).

Do casamento de António Sardinha com Ana Júlia Nunes da Silva nasceu um filho no dia 14 de Junho de 1914. Lopo morreu um ano depois, a 29 de Junho de 1915. A biblioteca e o arquivo de António Sardinha conservam-se na Biblioteca Universitária João Paulo II, em Lisboa, por doação de sua viúva.
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José Carlos Seabra Pereira
José Carlos Seabra Pereira (Luso, 1949) é licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra (1973) e doutor pelas Universidades de Poitiers e Coimbra, com teses sobre a obra poética de João de Barros (1983) e o Neo-Romantismo na Poesia Portuguesa (2001). Tem investigado e leccionado nas áreas de Teoria Literária, Literatura Portuguesa Moderna, Estudos Camonianos e Estudos Pessoanos. É director nacional da Pastoral da Cultura (desde 2014) e coordenador científico do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (desde 2006). Da sua vastíssima obra publicada destacam-se os volumes sobre o Fim-de-Século, o Simbolismo e o Modernismo na Literatura Portuguesa, e ensaios sobre autores como – além de Luís de Camões e Fernando Pessoa – Gomes Leal, Antero de Quental, Eugénio de Castro, Camilo Pessanha, Raul Brandão, Alberto d’Oliveira, Manuel Laranjeira, Trindade Coelho, Afonso Lopes Vieira, Alberto Osório de Castro, Augusto Casimiro, Américo Durão, Florbela Espanca, Mário Beirão, Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Eugénio de Andrade, António Manuel Couto Viana e José Valle de Figueiredo. É ainda autor de um monumental estudo de conjunto sobre As Literaturas em Língua Portuguesa. Das origens aos nossos dias (Lisboa, 2020).
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José Manuel Quintas
José Manuel Alves Quintas (Lisboa, 1960) é militar, tenente-coronel da Força Aérea Portuguesa. Licenciado em História e Mestre em História do Século XX (Universidade Nova de Lisboa), é autor de Filhos de Ramires. As origens do Integralismo Lusitano (Lisboa, 2004) e colaborador de dicionários de História e outras obras colectivas com estudos sobre temas de História Política e Militar do Século XX. Foi professor na Academia da Força Aérea (1995-2011). Foi editor do espaço na internet ‘Unica Sempre Avis’ (2000-2012) e do blogue ‘Lusitana antiga liberdade’ (2003-2012). É editor de ‘Estudos Portugueses’ (www.estudosportugueses.com), onde divulga documentação sobre figuras como António Sardinha. Conheceu melhor este Autor por intermédio de um integralista da última geração, Mário Saraiva (1910-1998).
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Manuel Vieira da Cruz
Manuel Marques da Cruz Vieira da Cruz (Praia do Ribatejo, 1967) é editor. Iniciou a sua vida profissional na Verbo (1988), dirigiu a Grifo (1994-2010) e coordenou, entre outros, o projecto ‘Agustina Bessa-Luís / Opera Omnia’ (2008-2012). Em 1988, sendo estudante, organizou na Universidade Católica Portuguesa o ciclo de conferências e a exposição que assinalaram o centenário do nascimento de António Sardinha. Conheceu melhor este Autor por intermédio de um integralista da última geração, Henrique Barrilaro Ruas (1921-2003).
Sem informação.
Vasco Silva
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