Camilo Castelo Branco (1825-1890) é o mais importante escritor português do século XIX a par de Eça de Queirós. Mais do que qualquer outro, conseguiu colocar-se acima dos movimentos vigentes na sua época o que lhe permitiu jogar com Realismo e Romantismo comonenhum outro autor europeu.
A vida turbulenta daquele que foi o primeiro escritor profissional português vivendo quase exclusivamente do seu trabalho com a escrita, passou por processos de adultério e consequente período na prisão, culminando num suicídio macabro.
Mas se os episódios da vida de Camilo são importantes para perceber o seu tempo e as suas fontes de inspiração, aquilo que realmente o distingue de qualquer outro escritor europeu da sua época é a capacidade de criar obras-primas de qualquer dos movimentos dominantes no seu tempo de vida. Do romantismo ao ultra-romantismo até ao realismo, Camilo conseguiu ser sempre mestre e senhor da escrita e consegue mesmo em obras como «Novelas do Minho» ou «Carlota Ângela» mostrar-se acima das duas correntes vigentes e capazde brincar com os seus estereótipos.
Em qualquer dos géneros e subgéneros porque enveredou, Camilo deixou sempre obras notáveis e as melhores nos seus géneros, seja o romance romântico como «Amor de perdição», o romance realista que ironiza o romantismo como «A queda de um anjo», o romance histórico, com este «O judeu», entre muitos outros.