Sobre Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares, os Autores, há muito que se lhe diga:
Hugo van der Ding nasceu em 1979, no banco de trás de um Saab 96 4V coupé, em Srinagar, no estado indiano de Caxemira, durante uma viagem dos pais – um estomatologista holandês e uma ceramista espanhola – ao continente asiático. Viveu na Índia até aos quinze anos, tendo estudado no colégio do Convento da Apresentação, ainda em Srinagar, e depois mais a sul, no Colégio de Santo Aloísio Gonzaga em Mangalore, no estado de Karnataka. Com o divórcio e posterior desaparecimento, sem deixar rasto, de ambos os pais, fica ao cuidado de uma tia – a ativista catalã Llùcia Vullpellach – e muda-se para Marrocos. Conclui o curso de Ciências Farmacêuticas na Universidade de Al-Karaouine, em Fez, no mesmo dia em que é raptado por membros da Frente Polisário, o movimento independentista do Saara Ocidental.
Depois de três anos em cativeiro – em que desenvolveu uma paixão pela découpage, misturando cerâmica árabe com revistas americanas velhas –, fez parte de uma troca de reféns com Espanha e fixou-se na Andaluzia, onde, além de manter um atelier artístico e de colaborar regularmente com o semanário Interviú, foi ponta de lança suplente da Unión Deportiva de Almería. Foi precisamente durante um jogo amigável com o Estoril Praia que veio a Portugal pela primeira vez, país onde reside desde 2010.
É técnico de saúde pública, desenha, escreve, faz teatro, é uma das vozes da Antena 3, e está a concluir a licenciatura em Meteorologia e Geofísica na Universidade de Coimbra. Vive em Lisboa com um recorte de cartão em tamanho real do ator Tom Hardy.
Martim Sousa Tavares nasceu em Lisboa em 1991. Pelos oito anos, começou a aprender piano, o que viria a ditar o seu percurso académico, que combina Ciências Musicais e Direção de Orquestra, tendo estudado entre Lisboa, Milão e Chicago com ótimas notas, embora não goste que se fale nisso.
É em 2018 – no seu regresso a Portugal para fundar a Orquestra Sem Fronteiras – que, sentindo-se mal numa ida ao Jardim Botânico de Lisboa, trava conhecimento com o técnico de saúde van der Ding, com quem estabelece de imediato uma parceria, em primeiro lugar digital e, depois, literária. Enquanto isto acontece, a sua carreira musical vai-se desenvolvendo a passo acelerado e, em poucos anos, ei-lo a ganhar prémios, a dirigir orquestras aqui e ali, a tornar-se maestro titular da Orquestra do Algarve, diretor artístico do Festival de Sintra e uma voz central na divulgação da música clássica, começando pelo serviço público, onde deixa mais de centena e meia de programas entre a RTP 2, a Antena 2 e a RTP Palco, passando depois para a Rádio Observador, onde virá a assinar o podcast de música mais ouvido em Portugal.
Como o dia tem 24 horas, é também responsável pela direção musical de espetáculos teatrais, compõe música – do cinema à ópera infantil, passando por arranjos orquestrais do repertório dos Capitão Fausto –, escreve sobre música e dá palestras sobre as coisas de que gosta.
Detesta trabalhar. Fala seis línguas e, nos tempos livres, dedica-se ao colecionismo de arte contemporânea e ao estudo da história da República de Veneza.