Ao mesmo tempo drama familiar e romance épico, a obra do prémio Nobel indiano Rabindranath Tagore traduzida do original bengali é um dos livrosmais importantes da moderna literatura da Índia.
Uma mulher dividida entre dois homens, um que representa a Índia tradicional e outro que representa uma nova Índia. Um drama familiar que se cruza com os primeiros movimentos de insureição contra a governação colonial britânica.
Publcado originalmente em 1916, o romance do prémio Nobel indiano é um dos livros mais inovadores da sua época. Em primeiro lugar porque coloca uma mulher como personagem central de um conflicto narrativo. Mas são as subtilezas do enredo e os seus significados humanos, políticos e sociais que enriquecem esta obra extraordinária. Tagore, então já uma figura pública a nível internacional, procurou escrever um romance que expusesse o seu próprio conflicto interior: como conciliar o fascínio pelas ideias ocidentais com uma necessidade de independência que por força se tinha de opor a essas mesmas ideias. Como poderia a Índia opor-se às ideias ocidentais sem cair num tradicionalismo fechado que faria regredir socialmente o país ainda que mantivesse a sua identidade.
Este dilema ganha mais peso ainda com uma mulher como protagonista.
O livro articula portanto estas proocupações e antecipa os conflictos crescentes na Índia que levaram à «parição» de 1947. A narrativa envolvente prende o leitor a um drama particular que é uma extensão da tensão de uma época e de um momento de um país no ponto de ruptura.
A Casa e o Mundo é o primeiro romance indiano a obter sucesso internacional e uma das obras de literatura indiana mais vendidas de todos os tempos. Foi traduzido em mais de 60 línguas e encontrava-se esgotado em Portugal há mais de 60 anos. A tradução é feita a partir do original bengali.
Numa votação universal organizada pelo jornal The Telegraph em 2014, A Casa e o Mundo foi considerado um dos 10 mais importantes romances das literaturas asiáticas de todos os tempos.
Rabindranath Tagore (1861-1941) foi um escritor indiano, vencedor do Prémio Nobel da Literatura e uma das figuras mais mediáticas do mundo na primeira metade do século XX.
Rabindranath Tagore é, ainda hoje, uma das figuras mais importantes da história da Índia moderna. Como escritor é autor de mais de 4000 poemas, 2000 canções, mais de 100 contos, dezenas de romances e peças de teatro.
As suas obras estão traduzidas em mais de 80 línguas e faz parte da lista de Autores Representativos da Humanidade.
Na Índia é um dos pais da independência e o primeiro escritor a trazer os problemas da Índia colonizada para o foco literário internacional.
A letra do hino indiano é de sua autoria. O hino foi composto ainda na era colonial e posteriormente à sua composição a história revisionista tentou imputar a Tagore uma glorificação do rei britânico que o próprio desmentiu («Seria insultar-me a mim mesmo se tivesse de responder àqueles que acham que eu diria que qualquer rei era o quadrigueiro que guiaria os peregrinos através da história intemporal da humanidade. Refiro-me a Deus.»).
Várias das suas obras foram adaptadas ao cinema e televisão.
No entanto Tagore foi muito mais do que um escritor, viajou por todo o mundo sendo recebido por líedres mundiais ou beduinos no deserto, era referido como o poeta-santo. Assumiu posições políticas difíceis como quando contrariou publicamente Gandhi, num momento em que este atribuiu um significado kármico de punição merecida de todo um povo que se sujeitava à colonização a um terramoto que matou milhares de indianos, isto apesar de partilhar os ideais pacíficos e de independência. Tagore não cedia a populismos e defendia a verdade a cima de tudo. É sobre a sua figura que se criou o estereótipo do guru moderno.
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Telo de Mascarenhas (1899-1979) é um intelectual goês considerado um dos mais importantes Tagoreanos a nível mundial e o mais importante do mundo lusófono. Traduziu várias obras do Autor a partir dos originais bengalis e escreveu vários ensaios sobre a sua vida e obra.
Sem informação.
impresso em papel snowbright com certificado ambiental