Uma novela enigmática sobre a também enigmática relação entre uma mulher e o mundo.
Vencedor do Prémio Autores 2022 (atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores) na categoria Melhor Livro de Ficção.
Libbie-Emília fica condenada a ver, a não fechar os olhos. A não dormir? A não sonhar? A narrativa, em dez actos, reflecte sobre o desejo, a morte, o tempo, o desajustamento, a imaterialidade das coisas. Matias, Megan, Olímpia, Helena Pyr, a Mulher-Gautama, Dante sem cabeça, Larry, Lora, Ágata, Ctónia, Deboni, Boaxi, John, Sávia, Badoloni, os sem-ouvidos, os seres-granadas, entre outras vozes, dão as mãos nesta dança da escrita. A Mulher sem Pálpebras descreve o itinerário de um corpo ao lado de tantos outros, também o dos poetas, dos artistas, dos místicos.
«Interessa, o agora. Essa hora. Aqui.
Libbie olha para baixo sem pálpebras.
Os pés também não podem ver em excesso, tropeçam, enrolam-se um no outro. O ruído das botas vinha de cima como se as paredes não existissem e o chão fosse transparente. Para isso servem os objectos – estão ali, activam a memória que nada mais é do que um conjunto de presentes-agora sobrepostos a fabricar o futuro.»