Rudyard Kipling (1865-1936) foi um escritor britânico nascido na Índia. Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1907 e é um dos autores mais traduzidos de todos os tempos.
Joseph Rudyard Kipling nasceu a 30 de Dezembro de 1865, em Bombaim, na Índia Britânica, filho de pais ingleses pertencentes à elite colonial. Aos seis anos, foi enviado para Inglaterra para receber uma educação mais formal, uma experiência marcada pela severidade e pela solidão, que mais tarde viria a ser retratada na sua obra. Regressando à Índia em 1882, começou a trabalhar como jornalista e a editar os seus primeiros contos e poemas. Durante este período de juventude publicou Plain Tales from the Hills (1888), uma colectânea de contos que rapidamente lhe granjeou notoriedade literária.
A profunda ligação de Kipling ao subcontinente indiano é visível em grande parte da sua obra, na qual explora as relações entre colonizadores e colonizados, a vida quotidiana no Império Britânico e os valores do dever e da coragem. Depois de viajar por vários continentes, instalou-se em Inglaterra, consolidando a sua carreira com O Livro da Selva (1894), um clássico da literatura juvenil que combina fábula e moralismo imperial. No entanto, o seu talento narrativo estendeu-se também ao romance com Kim (1901), considerado uma das suas obras-primas. Quanto à sua poesia, marcada por um tom vigoroso e patriótico, inclui composições célebres como If (1895) e Gunga Din (1890). De um modo geral, transparece também na sua escrita um estilo directo e uma capacidade de descrever com grande vivacidade personagens e cenários exóticos, traços que contribuíram para o tornar um dos escritores mais lidos e admirados do seu tempo.
A importância de Kipling na literatura mundial foi amplamente reconhecida, nomeadamente com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 1907, tornando-se o primeiro autor de língua inglesa a receber esta distinção que contribui grandemente para o tornar uma figura central no cânone literário anglófono. A sua influência estendeu-se muito além do período vitoriano, moldando a literatura de aventura, o conto moderno e a literatura infantil. Apesar das polémicas ligadas à sua defesa do imperialismo britânico, o legado literário do escritor permanece incontornável, sendo estudado e reinterpretado ao longo de décadas.
Diversos escritores e intelectuais prestaram tributo à genialidade de Kipling. Henry James referiu-o como um mestre da narrativa breve, comparando-o aos grandes contistas do século xix. Jorge Luis Borges via em Kipling um dos seus escritores preferidos, elogiando a sua habilidade para transformar pequenas histórias em parábolas universais. T. S. Eliot compilou e prefaciou uma selecção dos seus poemas, destacando a sua mestria no uso da métrica e do ritmo. Mesmo entre os críticos do seu pensamento político, como George Orwell, reconhecia-se a força do seu talento literário e a sua capacidade de criar imagens poderosas e memoráveis.
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Edward Wadie Said (1935-2003) foi um intelectual palestino-americano, professor de Literatura Comparada na Universidade de Columbia. A sua obra Orientalismo (1978) revolucionou os estudos pós-coloniais ao criticar a visão ocidental sobre o Oriente. Activo na defesa da causa palestiniana, escreveu A Questão da Palestina (1979) e Cobertura do Islão (1981). O seu impacto estendeu-se à crítica literária, política e musical, tornando-o um dos pensadores mais influentes do século xx.
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Charles Dominique Fouqueray (1869-1956) foi um ilustrador e pintor francês, conhecido pelas suas representações de cenas marítimas e históricas. Estudou na École des Beaux-Arts e colaborou com diversas publicações, ilustrando obras de vários escritores, nomeadamente Rudyard Kipling. Destacou-se como pintor oficial da Marinha Francesa e recebeu vários prémios pela sua arte. As suas ilustrações, ricas em pormenores e dinamismo, tornaram-se icónicas, consolidando o seu lugar na arte ilustrativa do século xx.
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Manuela Ribeiro Sanches é Professora Auxiliar aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou entre 1981 e 2016. Doutorou-se em 1993 com uma tese sobre Georg Forster e dedicou-se ao estudo dos processos de (des)colonização e movimentos anticoloniais. Entre as suas obras destacam-se Malhas Que os Impérios Tecem (2011) e Portugal não é Um País Pequeno (2006). Investigou temas como cinema africano, migração e racismo na Europa, abordando-os numa perspectiva comparatista e interdisciplinar.