Um clássico da literatura italiana que deu origem a um filme mítico.
O romance Ladrões de Bicicletas (Ladri di biciclette), de Luigi Bartolini, publicado em 1946, é uma narrativa invulgar, que se distancia de todas as convenções, explorando com humor e crítica social a experiência de um homem comum em busca da sua bicicleta roubada. A história é baseada em três incidentes reais vividos pelo próprio autor na Roma pós-Segunda Guerra Mundial. Com uma escrita irónica e observadora, Bartolini oferece uma visão da sociedade urbana marcada pela escassez, pela luta de classes e pela sobrevivência.
O protagonista, um homem simples e trabalhador, vê-se em apuros quando a sua bicicleta, um meio essencial para o seu sustento, é roubada. A narrativa acompanha as suas tentativas de recuperar o veículo, revelando as dificuldades e a indiferença de uma cidade marcada pela pobreza e pela desorganização social. Através de situações quotidianas muito peculiares e de encontros com diversas personagens, o romance constrói uma crítica impiedosa à realidade urbana da época.
O livro de Bartolini foi adaptado ao cinema por Vittorio De Sica em 1948, com o título Ladri di biciclette, filme que rapidamente se tornou um marco do neo-realismo italiano. No entanto, Bartolini expressou descontentamento com a adaptação, afirmando que a película distorceu o espírito do seu livro, transformando-o numa representação mais sentimental e menos crítica da realidade. Apesar disso, o romance permanece uma contribuição significativa para a literatura italiana, oferecendo uma visão única da sociedade romana do pós-guerra.
«Uma obra subtil e corajosa, ambiciosa e profunda, que é um prazer ler hoje, deixando o cinema para outro dia.» — José Luis de Juan, Babelia/El País