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Titulo Mercado das Madrugadas
Autores Patrícia Portela, Adelino Gomes (prefácio), Arimilde Soares (texto final)
Colecção
Textos de Teatro
Género
Teatro
Proposto por
TNDMII
Editor
Hugo Xavier
Formato
13x20 cm
N.º Páginas
92
Data
Maio de 2025
ISBN
978-989-8349-84-2
Notas
Num dia improvável, mas muito possível ou mesmo inevitável, toda a gente decidirá não sair de casa. O mundo parará e fará greve de si próprio.
Nesse dia, haverá tempo para pensar, para respirar, para chorar copiosamente por todas as atrocidades cometidas só por excesso de adrenalina, testosterona, estupidez ou maligna estratégia geopolítica. Depois, e só mesmo para quem pode, alguns farão uma sesta. Outra tanta gente tomará um banho. Muitos e muitas serão os e as que limparão o ranho à camisola e ajeitarão a pouca roupa que trazem no corpo. Voltaremos a sair. Daremos o braço a um próximo, a uma vizinha, a um desconhecido, a uma mãe, a uma filha. Sem nenhuma outra razão aparente que não um «estava a ver que nunca mais!», desceremos todas as avenidas e chegaremos a esta praça. A praça que é uma escola, que é uma troca, que é o lugar para todas as classes e para todas as possibilidades. Trocaremos impressões. Trocaremos acepipes. Trocaremos propostas para os próximos cinquenta anos de Abril. Ocuparemos as ruas, que é tudo o que precisamos para as transformar. E, sem nos darmos conta, de longe chegar-nos-á aquele som dos passos arrastados na gravilha, aquele ritmo moreno que toda a gente conhece. O passo faz-se compasso, o cante desfaz-se em manifestação. A manifestação desarruma-se em marcha. A marcha dissolve-se no ar mas não se desvanece. A sua vibração mantém-se no ar e nas ruas e volta a lançar na música o mote! A noite cairá.
Convocamos a vossa presença com o pôr do sol para um primeiro minuto do vosso silêncio, enquanto respiramos esta ideia memorável de uma revolução precedida de uma greve do mundo.
O Amanhã é inevitável e começa hoje.
Patrícia Portela nasceu em 1974 durante o Golpe das Caldas. Autora de performances e obras literárias, tem um mestrado em Cenografia pela Faculdade de Utrecht, nos Países Baixos, e pela Central Saint Martins College of Art, em Londres, e um mestrado em Filosofia Contemporânea pelo Instituto Internacional de Filosofia de Leuven, na Bélgica.
Estudou Cinema, na European Film College, e Dança Contemporânea, no estúdio de Rui Horta e no c.e.m. – centro em movimento. Já viveu em três continentes, em lugares como Macau, Utrecht, Helsínquia, Ebeltoft, Berlim, Madrid, Iowa, Antuérpia (durante quase duas décadas), Viseu e Lisboa. Entre 1994 e 2000, trabalhou como cenógrafa e figurinista para companhias independentes como Projecto Teatral, Teatro da Garagem, O Olho ou Teatro Meridional, e em várias curtas-metragens no cinema português de Luís Alvarães, Fátima Ribeiro ou Miguel Gomes. Fundou O Resto em 1998 e a Prado em 2003, e é hoje reconhecida «pela peculiaridade da sua obra», que circula pelo mundo, tendo recebido
por ela vários prémios, dos quais destaca o Prémio Madalena Azeredo de
Perdigão/Fundação Calouste Gulbenkian para os espetáculos Flatland I (2004) e Wasteband (menção honrosa em 2003); o Prémio Teatro na Década para T5, em
1999 (grupo O Resto); os Prémios Reposição com Operação Cardume Rosa, em 1998 (grupo O Resto), e com Wasteband, em 2003; ou o Prémio Revelação pela Associação de Críticos de Teatro, em 1994. Foi finalista do Primeiro Prémio Multimédia Sonae/MNACC em 2015 com a instalação Parasomnia, com a qual tem percorrido o mundo, tendo a última paragem sido, já em 2025, em Bueño, nas Astúrias, a convite da Embaixada Portuguesa em Espanha e da Fundación EDP/MAAT. Como escritora, foi finalista do Prémio de Grande Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), em 2013, com Banquete, e, mais recentemente, finalista do Prémio Correntes d’Escritas com Hífen, um romance que Miguel Real, do Jornal de Letras, considerou «histórico» e que ganhou o Prémio Ciranda 2022. É autora de vários romances e novelas aclamados pela crítica, cronista no Jornal de Letras desde 2017 e na Antena 1 em 2019/20.
Como dinamizadora de espaços de partilha e aprendizagem, fundou o Cem Dramaturgias (2001) e concebeu em parceria com Dora Carvalho e Sandra Caldeira
o Programa Avançado de Criação em Artes Performativas (PACAP) para a Forum Dança, tendo dirigido a sua primeira edição em 2015. Leciona com regularidade
na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa e noutros centros culturais e artísticos.
Foi diretora artística do Teatro Viriato, em Viseu, durante a pandemia, nunca fechando as suas portas (2020-2022), e da Rua das Gaivotas 6, em Lisboa (2023-
-2024), um espaço do Teatro Praga para acolhimento de artistas emergentes, onde desenvolveu um projeto de intersecção entre arte experimental e comunidades locais de bairro.
Sem informação.
Impresso em papel snowbright com certificado ambiental

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