Władysław Reymont (1867-1925) foi um dos escritores polacos mais importantes do século XX.
Nascido no seio de uma família nobre, porém muito empobrecida, aprendeu o ofício de alfaiate, mas acabou como funcionário de uma estação de caminho-de-ferro, onde esteve vários anos. Mais tarde, juntou-se a uma troupe e viajou bastante a trabalhar como actor, tanto no seu país como no estrangeiro.
O contacto com o dia-a-dia do cidadão comum na estação de caminho-de-ferro e as suas posteriores viagens despertaram-lhe a vontade de escrever histórias que descrevessem as agruras das classes baixas, os ideais socialistas e um mundo no qual a industrialização impunha condições de vida desumanas.
Por questões de trabalho, a sua carreira literária iniciou-se tardiamente, nos últimos anos do século xix; quando começou a ter algum reconhecimento, um acidente ferroviário grave obrigou-o a interromper a escrita entre 1900 e 1904. Neste último ano, retoma o trabalho e publica o primeiro dos quatro volumes considerados obras-primas, o romance Chłopi; entretanto, vai publicando regularmente romances e contos até à morte.
As preocupações socialistas, o retrato romantizado da vida agrária e uma crítica moderada, mas constante, ao capitalismo tornam-no popular não só na Polónia comunista, mas também no resto do mundo. As suas obras são traduzidas em vários países e dezenas de línguas. Em 1924, é galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, numa época em que Revolta o tinha tornado persona non grata junto de regimes comunistas. Como o próprio admitiu em correspondência, «uma obra que senti no meu coração que seria fundamental escrever apagou, de um momento para o outro, toda uma carreira».
Com efeito, quando recebe o Prémio Nobel, em 1924, encontra-se em Paris a fazer um tratamento para problemas cardíacos; passados poucos meses, em 1925, ainda é recebido com louvores numa reunião do Partido Popular da Polónia, mas morre pouco tempo depois, e o brilho do galardão é substituído por décadas de proibição dos seus livros e por um bloqueio da venda dos direitos de autor para o estrangeiro, facto que conduziu ao seu gradual esquecimento. Revolta, em particular, foi oficialmente proibido em 1945 e assim continuou até 1989.