• por Os Editores
    Abr 04

    Do aumento dos custos de produção e outras vicissitudes

    Comunicado

    No último boletim da E-Primatur em 2021, incluímos um pequeno texto sobre o aumento dos preços das matérias-primas usadas na produção de um livro. Passados três meses, a situação é muito pior, fruto da conjugação de vários factores. Por um lado, a normalidade das cadeias de abastecimento ainda não foi retomada, uma das principais sequelas da pandemia. Por outro, a perturbação causada pela guerra veio agravar ainda mais essa situação, já de si frágil. Por último, greves nalgumas papeleiras da Escandinávia – um dos principais fornecedores desta matéria-prima ao resto da Europa – traduziram-se em maior escassez de papel.

    Desta forma, se no último trimestre de 2021 já vínhamos assistindo a um aumento do custo do papel (na ordem dos 20%) e do cartão (50%, nalguns fornecedores), usado nos livros ditos de capa dura, esses aumentos continuaram no começo de 2022. A isto somam-se os aumentos com maior visibilidade pública (mas de modo algum os únicos), os dos combustíveis e da energia (que se repercutem nos custos de transporte e envio, com os CTT a aumentarem o custo do registo em 0,25 €), que neste trimestre dispararam.

    Ora, o livro, ao contrário de outros produtos, não consegue fazer repercutir no preço final todos estes aumentos: há um limite para o preço, limite esse mais ou menos simbólico e que está directamente relacionado com a percepção de valor que o consumidor lhe atribui. Não podendo encarecer muito mais os livros, isso significa que é a margem operacional da editora que tem de absorver esse aumento de custos. E isto só é viável até certo ponto.

    Para se ter uma noção mais precisa do que estamos a falar, vejamos um caso concreto: Energia e Civilização. O livro foi impresso em Novembro custando sensivelmente 12.000,00 € a produzir1). Se fosse hoje, custaria mais 55%, sendo o preço do cartão o maior responsável pelo grosso deste aumento.

    Mas para melhor clarificação, vejamos como se decompõe a estrutura de custos deste mesmo livro.

    Para os custos apresentados, temos um custo unitário de 5,99€.

    Em direitos de autor (8%), 1,88€ por exemplar.

    O desconto comercial que a Editora dá aos livreiros anda na ordem dos 40% (média ponderada, que inclui as vendas directas – no site e Feira do Livro), o que dá um preço de venda ao livreiro de 14,56 € (preço sem IVA 23,49 € -40%).

    A conta é simples: 14,56€ - 5,99€ - 1,88€ = 6,69€; é este o valor que a Editora apura sobre cada exemplar vendido, a margem bruta para este título (desta margem há ainda a ter em conta os custos de estrutura, ordenados, rendas, electricidade, contabilidade, etc. e o dinheiro para fazer o livro seguinte).

    Ora, nesta equação, foram os custos de impressão – incluídos no custo unitário – que se agravaram substancialmente, reduzindo bastante a margem bruta das editoras (pois nem os preços nem as tiragens aumentaram). A principal consequência, no imediato, é a Editora ter de deixar de fazer livros de capa dura, até a situação se normalizar em termos de custos.

    Foi uma decisão difícil, mas ponderada e necessária para podermos manter a actividade sem ter de aumentar exageradamente o preço de venda dos livros.
     
    1 A obra teve uma tiragem de 2000 exemplares; para um investimento de 11.718,65 euros, a tradução representa 41,5% deste valor, a impressão 47,5% e os restantes 8% dividem-se entre paginação, revisão, design de capa, índice remissivo, custos promocionais, etc.


  • por Os Editores
    Dez 28

    Carta aos Leitores

    Comunicado
    Vintage soldier writing a letter.
    Caros Leitores
     
    O investidor Warren Buffett envia todos os anos aos seus accionistas uma carta a explicar-lhes de forma detalhada os resultados da empresa, através dos investimentos que foram feitos. Na mesma carta vêm também detalhados a filosofia de investimento e os critérios que nortearam esses mesmos investimentos.
     
    Na página da E-Primatur – e também na da Bookbuilders – os leitores têm acesso imediato aos dados dos dois projectos: o dinheiro já angariado, a quantidade de apoios e projectos concretizados e o número de projectos em votação. Quanto à filosofia editorial, julgamos que já é perceptível pelo catálogo que fomos construindo.
    Sendo uma editora, e, por extensão, um agente que opera no sector da cultura, a E-Primatur é também, e antes de mais, uma empresa, que tem de se reger por critérios comerciais, sujeita à lei de mercado e com responsabilidades sociais e fiscais, com todas as implicações daí decorrentes. É por isso importante fazer um pequeno balanço ao fim de seis anos de actividade.
     
    A E-Primatur/Bookbuilders é hoje uma editora sólida do ponto de vista financeiro, e isso deve-se, essencialmente, aos seus leitores, que a apoiaram, tanto na fase de crowdfunding como posteriormente, nas livrarias ou em compras no nosso site. Essa solidez permite-nos hoje fazer projectos que há cinco anos seriam impensáveis, por causa do custo associado.
     
    Dito isto, temos outros desafios pela frente, o principal dos quais o aumento do custo das matérias-primas (papel e cartão) e da energia e combustível: desde o início do ano, o papel que usamos na nossa produção já aumentou quase 20% e as papeleiras já notificaram os seus clientes de um novo aumento de 10% em Janeiro. O cartão – que usamos nos livros de capa dura – aumentou quase 50%; quanto aos preços da energia e dos combustíveis, os próprios leitores sentem-nos todos os dias nos respectivos orçamentos familiares.
     
    Apesar destes aumentos, fizemos um esforço para não aumentar o preço dos livros e é nossa intenção não o fazer em 2022. A única alteração será um pequeno acerto no desconto do livro em fase de crowdfunding; se antes esse desconto se cifrava em 1/3 (33%) relativamente ao preço do livro depois em livraria, agora teremos uma pequena redução: será sensivelmente de 30% relativamente ao preço final em livraria. Esta redução representa um pequeno esforço por parte de quem apoia, mas uma ajuda preciosa para o projecto. Estamos em crer que os Leitores compreenderão a decisão.
     
    Com votos de um 2022 carregado de Boas Leituras!

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