Chegará muito em breve às livrarias uma nova edição de Mein Kampf/A Minha Luta, de Adolf Hitler. Desde 1945 que qualquer edição da obra está proibida. O estado da Baviera, que ficou titular dos direitos de autor, sempre se opôs a qualquer reedição do texto, argumento que seria compreensível à época, considerando o conteúdo da obra e, acima de tudo, a concretização abominável de muito do que o autor nela expusera, já em 1923.

No entanto, com o passar dos anos esse argumento foi deixando de fazer sentido, pois apenas contribuiu para que o texto circulasse clandestinamente, em versões quiçá truncadas, e adquirisse uma aura imerecida junto das franjas extremistas de direita. Estamos em crer que esta clandestinidade não contribui para o esclarecimento do público, pelo contrário.

A edição agora publicada retoma a versão editada pela Afrodite em 1976, agora devidamente revista e cotejada com o original, e visa colmatar essa lacuna e trazer o texto para o único plano em que, no nosso entender, ele deve ser hoje lido, como documento histórico, e não ideológico. Se a filosofia editorial da E-primatur passa por publicar obras marcantes, Mein Kampf insere-se certamente nesta categoria.

Dentro do programa editorial da E-primatur, e por oposição, poderá o leitor encontrar Os Mutilados de Hermann Ungar, o romance que encabeçava a lista de livros a destruir pelos nazis ou Bambi, de Felix Salten, um dos ódios de estimação literários de Hitler.

O prefácio de António Costa Pinto, autor e académico que estudou e bem conhece os meandros da ideologia fascista, visa ajudar o leitor contextualizando a obra.
 
Os Editores