Um leitor respondeu ao nosso último boletim com esta mensagem:
 
«Fiquei entusiasmado com o livro do Aron. Mas depois de ver quem o aconselhava desisti de o vir a comprar.» [o ponto final é nosso]

Noutra qualquer circunstância, teríamos ignorado como fazemos com os muitos comentários do mesmo teor que se colocam sempre que partilhamos uma recomendação nas redes sociais. Há sempre alguém "que não pode" com a pessoa em causa, há sempre alguém que sente a obrigação  (moral?, social? política?) de o reclamar por todos os meios.

Mas, neste caso, estamos a falar do Ensaio sobre as Liberdades, de Raymond Aron, que foi publicado pouco após o dia 25 de Abril do corrente ano. Há todo um mundo de significações nesta conjunção e nesta mensagem que nos obrigam a partilhar convosco a nossa resposta (mantendo o anonimato do leitor).

«Caro Senhor Leitor,
 
Agradecemos o seu contacto. Não percebemos, contudo, porque no-lo dirige.
 
Se a ideia é transmitir-nos os seus pensamentos sobre o Senhor Paulo Portas e dizer-nos que se este recomendar Shakespeare, Goethe, Luiz de Camões ou qualquer outro autor, desistirá de comprar essas obras... que podemos nós dizer-lhe?
 
Se nos está a dizer que deixa de comprar livros por estes serem recomendados por PP, talvez possamos apenas lembrar que o livro em causa está traduzido em mais de 20 países nos quais PP não é comentador no telejornal da noite.
 
No meio disto tudo, prezado leitor... o que temos nós que ver com quem recomenda os nossos livros? Acreditamos na liberdade de expressão. O leitor poderá recomendar um livro nosso num espaço de comunicação seu e nós divulgaríamos com idêntico destaque.
 
Acreditamos, por último, que fica mais pobre por não ler Aron. Se não acreditássemos, não teríamos publicado a obra.

Sabe? É que somos daqueles editores que ainda acham que a sua capacidade de seleccionar um livro é a sua forma de ter opinião. Verificamos contudo que dá mais importância à opinião de PP do que à nossa e, sobretudo, do que ao conteúdo da obra.
 
Sem outro assunto,»