Naguib Mahfouz (1911-2006) é considerado um dos escritores árabes modernos mais importantes.
Nascido no seio de uma família de classe média-baixa do Cairo, foi o último de sete filhos (quatro irmãos e duas irmãs), todos muito mais velhos do que ele. O pai era funcionário público (o filho seguiu-lhe os passos em 1934) e a mãe era filha de um sheik; apesar de não saber ler, levou o filho aos pontos históricos da cidade mais importantes, contando-lhe as suas histórias.
Toda a família seguia de forma rigorosa as doutrinas islâmicas. Anos mais tarde, o escritor admirava-se por um tal clã ter conseguido gerar um artista.
O jovem Mahfouz estudou Filosofia na Universidade, tendo-se licenciado em 1934, altura em que decidiu tornar-se escritor profissional. Trabalhou como jornalista, escreveu crónicas e contos. A difícil realidade do país obrigou-o, ainda assim, a candidatar-se a uma posição de funcionário público na qual desempenhou diversos cargos até se reformar em 1971.
Escreveu 34 romances, mais de 350 contos, diversos guiões para cinema e quatro peças de teatro, além de artigos e crónicas para diversas publicações. Contudo, foi só após a atribuição do Prémio Nobel, em 1988, que a maior parte das suas obras começou a ser traduzida no Ocidente.
Após a famosa polémica gerada pela sentença de morte contra o escritor Salma Rushdie, também uma sentença semelhante caiu sobre a cabeça de Naguib Mahfouz, que, em 1994, aos oitenta e dois anos, foi atacado por dois extremistas à porta de casa e apunhalado no pescoço. Apesar de ter sobrevivido, o golpe afectou vários nervos e quase lhe paralisou um braço, pelo que o ritmo de escrita do Autor abrandou bastante.
Esteve activo quase até à morte, trabalhando e vivendo sob a vigilância de guarda-costas.