Seis noites de lua cheia na Acrópole são o suficiente para transformar um grupo de jovens perdidos num círculo de amores perigosos, desassossego político e descoberta pessoal..
Ao regressar do exílio na Ásia Menor para uma Atenas em transformação, cheia de refugiados e de feridas ainda abertas após a Catástrofe de 1922, o jovem Estrátis sente-se estrangeiro no próprio país. Aspirante a poeta, dividido entre a poesia e a tentação do romance, junta-se a um pequeno círculo de amigos – três mulheres e quatro homens – que busca um sentido para a vida em debates sobre arte, filosofia e política. A partir de um bilhete encontrado por acaso para visitar a Acrópole iluminada pela lua cheia, o grupo decide transformar esse acaso em ritual: durante seis meses, encontrar-se-ão uma vez por mês, à noite, no alto da colina sagrada, para pôr à prova as suas ideias e os seus desejos.
Nessas seis noites sucessivas, o romance acompanha os encontros nocturnos na Acrópole e os dias que os separam: passeios pelas ruas, cafés e tabernas de Atenas, excursões a pedreiras de mármore e ilhas rochosas onde o mar parece prolongar a vertigem da cidade. As conversas oscilam entre a ironia e o fervor, discutindo a função da arte numa sociedade ferida, o peso da tradição clássica e a sombra das derrotas nacionais. Estrátis luta contra a sensação de ser um «exilado em casa», procurando uma voz própria num tempo em que «todos querem romances» e poucos acreditam na poesia. Cada noite de lua cheia funciona como um ensaio para a sua vocação: lê textos, expõe sentimentos, mede o silêncio e a reacção dos outros, enquanto a Acrópole, simultaneamente real e simbólica, vigia e deforma os seus sonhos.
No centro do livro desenha-se um triângulo amoroso instável entre Estrátis, a enigmática e provocadora Salomé e a bela Lala. Salomé, figura inquieta que desafia as convenções de género e de moral, é simultaneamente objecto de desejo para Estrátis e protagonista de uma relação ambígua com Lala, tornando o jogo afectivo cada vez mais tenso e perigoso. À medida que as seis noites avançam, paixões, ciúmes, humilhações e experiências sexuais e místicas cruzam-se com a tomada de consciência política e artística do protagonista. Um acontecimento trágico – inseparável das escolhas de Salomé e das hesitações de Estrátis – desfaz o equilíbrio frágil do grupo e obriga o narrador a confrontar-se com a culpa, o luto e a responsabilidade do artista. O romance, em parte uma história de amor, em parte o Bildungsroman de um criador, termina como um retrato melancólico de uma juventude que amadurece entre ruínas antigas e feridas recentes, sob a luz impiedosa da Acrópole. Este foi o único texto ficcional de Séferis publicado postumamente.
«Uma evocação fulgurante da Acrópole, onde dois mil anos de tempo condensado explodem em memória e desejo. Uma obra notável de visão poética.» -- The Hudson Review
«A obra mais subestimada de Séferis – um dos primeiros romances gregos modernos a falar a linguagem da cidade. Merece o seu lugar entre os marcos da literatura grega do século xx.» -- Áris Marangópoulos, Hártis
«Um relato íntimo e nocturno de amizade, amor e confissão – lírico, inquieto, inesquecível.» -- HuffPost Greece
«Um grande romance modernista, por fim revelado numa tradução notável.» -- Byzantine and Modern Greek Studies (Cambridge University Press)
«Um texto hipnótico, que combina o relato clássico com o diário íntimo; hino ao amor, à Grécia e à cultura, conduz-nos à viagem e ao devaneio.» -- SensCritique
«Uma morbidez entre bordéis, tabernas, caves e templos dá vida ao único romance de Giorgos Séferis – a Atenas de 1928, ano de lua cheia.» -- lit21 / LiteraturFixpoetry
«Duas vozes… com uma linguagem de beleza lacónica e desesperada que se abre para um imenso labirinto cifrado. [...] O seu discurso não deixa, por isso, de ser poético: claro e simples por vezes, sublimado e ambíguo noutras.» -- Ricardo Pohlenz, Vuelta in letraslibres.com