Alfonso Reyes (1889-1959) é considerado o «pai» da moderna literatura mexicana e um dos mais importantes escritores da América Latina do século XX.
Foi diplomata, jurista, académico, escritor, jornalista, filósofo e poeta. Considerava que todos os seus trabalhos estavam ligados à sua grande ambição: compreender o ser humano.
Filho de um general, mais tarde Governador de Nue, e de uma aristocrata, nono de doze irmãos, teve uma educação esmerada no Colégio Francês e outras instituições, organizando desde jovem associações culturais e literárias nas escolas por onde passou.
A Revolução Mexicana de 1910 não trouxe bons ventos para a família. Quando escrevia o seu primeiro livro, que seria publicado em 1911, tinha uma caçadeira carregada ao lado da escrivaninha. Os textos que publicava desde a adolescência granjearam-lhe fama e reconhecimento pelo que, apesar da reputação da família associada à ditadura porfirista, conseguiu um cargo de secretário na futura Faculdade de Letras e Filosofia, onde frequentava o curso de «História da Língua e Literatura Espanhola».
Em 1913 o pai morre enquanto cabecilha do golpe de Estado para derrubar o presidente Medero. Quando um dos seus irmãos aceita em 1914 desempenhar funções no Governo que matou o pai, Alfonso decide partir, tendo conseguido um cargo na missão diplomática do México em França.
A partir dessa altura desempenha vários cargos diplomáticos, viajando nos intervalos por conta própria. Viveu alguns anos em Espanha, onde colaborou com a imprensa e continuou a publicar os seus livros. Iniciou-se também na crítica literária, sendo ainda hoje considerado o Autor de alguns dos textos críticos mais importantes de língua espanhola. Conheceu Unamuno, Valle-Inclán, Gomez de la Serna, Jimenez, 'Azorin', Ortega y Gasset e outros grandes nomes com quem depois manteve correspondência durante longos anos.
Foi Embaixador do México na Argentina, em frança e no Brasil. Na sua passagem pela Argentina conheceu os jovens Borges e Bioy Casares, que o reconheceram como mestre. Casares diria mais tarde em cartas que «[Reyes] é o homem mais culto e inteligente que conheci, capaz de ligar qualquer assunto e fazer sentido lógico e poético de fosse o que fosse». Foi amigo de Victoria Ocampo e Leopoldo Lugoñes.
Em 1939 criou o prestigiado Colégio do México e, mais tarde, o Colégio Nacional. Foi membro da Academia Mexicana da Língua (a contraparte da Real Academia Espanhola). Constrói na Cidade do México uma casa com uma enorme biblioteca que ficou conhecida como «Capela Alfonsina» e onde se passaram a reunir todos os grandes nomes da cultura mexicana, bem como jovens escritores e intelectuais, nacionais e estrangeiros. Em 1949 recebe o Prémio Nacional das Ciências e Artes.
É doutor honoris causa por universidades tão distintas como Princeton, Sorbonne ou a Universidade da Califórnia, em Berkeley. Foi nomeado 5 vezes para o Prémio Nobel, a primeira das quais numa proposta de Gabriela Mistral, vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 1945.
Alfonso Reyes escreveu poesia, ensaio, prosa, teatro, crítica, memórias, diários, milhares de cartas e outros milhares de páginas de apontamentos pessoais sobre tudo e nada. A sua obra influenciou grande parte dos escritores da América Latina.