Jean Antoine Prosper Alfaric (1876-1955) foi um dos grandes pensadores da História do Cristianismo.
Jean Antoine Prosper Alfaric (1876-1955) nasceu numa família camponesa católica assaz devota. Aluno brilhante, aprendeu o seu primeiro latim com o padre de uma aldeia vizinha (viria a ser tradutor de latim, grego e aramaico); posteriormente, obtém uma bolsa da sua paróquia para o seminário de Saint-Pierre-sous-Rodez, gerido pelos padres de Saint-Sulpice. A morte dos pais, em 1894, deixa-o aos 17 anos responsável por quatro irmãs e dois irmãos, que se vê obrigado a entregar a vários orfanatos religiosos.
No fim dos seus estudos no seminário é ordenado padre, em 1899. Termina a sua formação eclesiástica no noviciado em Issy-les-Moulineaux, em 1901-1902. Em 1904, é nomeado professor de Dogma no Grande Seminário de Bordéus, e no ano seguinte, a pedido do arcebispo de d’Albi, professor da mesma disciplina no Grande Seminário d’Albi.
A leitura dos textos de Alfred Loisy, Descartes, Espinosa, Kant e Herbert Spencer vai fazendo gradualmente com que o católico Alfaric comece a questionar a sua fé, a ponto de em 1910 romper de vez com a Igreja Católica. Para esta decisão terá também contribuído o decreto Lamentabili sane exitu, do Santo Ofício (e confirmado por Pio X), que condenava o que considerava erros na exegese da Sagrada Escritura e na história e interpretação do dogma; no fundo, a reacção dos sectores conservadores da Igreja ao modernismo. Alfaric ficou profundamente abalado com o decreto, e ainda mais com a excomunhão de Loisy, em 1908. Aliás, a publicação, em 1933, em co-autoria, de Le Problème de Jésus et les origines du christianisme, levou à sua própria excomunhão.
Casa-se em 1914, com uma funcionária dos correios e começa a preparar a defesa da sua tese de doutoramento na Sorbonne, sobre a evolução do pensamento de Santo Agostinho. De 1919-1945, ano em que se reforma, será professor de História das Religiões na Universidade de Estrasburgo. Paralelamente, aprofunda o seu afastamento da religião e converte-se num defensor acérrimo da laicidade: presidente da Liga do Ensino, e depois do Círculo Ernest Renan e, por fim, da União Racionalista.
Em 1943, foi feito cavaleiro da Legião de Honra.